Sobre Mim.
MEU PRÓPRIO PROCESSO DE CURA
Nunca imaginei que minha missão na vida seria trabalhar com saúde e bem-estar. No entanto, ao olhar para trás, percebo que tudo o que vivi me conduziu até aqui de forma clara e inevitável.
Minha história é marcada por anos de luta contra a candidíase crônica, um desequilíbrio silencioso cuja abordagem convencional geralmente alivia apenas os sintomas, fazendo com que o problema retornasse mensalmente. Meu ginecologista nunca explorou minha alimentação, e a medicina tradicional ofereceu antifúngicos e outros medicamentos, que tomei por longos períodos.
Além disso, desde a infância, lidava com sinusite e rinite alérgica. Ao me mudar para a Espanha, comecei a enfrentar dores de cabeça contínuas que duravam vários dias. Consultando médicos, fui encaminhada a um otorrinolaringologista e a um neurologista, mas ambos não identificaram a causa dos problemas. Embora tenha tomado antibióticos para a sinusite, nunca obtive cura.
Minha pele também apresentava uma aparência pouco saudável, com acne além da minha idade, e eu me sentia constantemente sem energia, apática, e com ciclos menstruais dolorosos e irregulares.
Frustrada, percebi que os médicos que consultei não investigavam a fundo, não perguntavam sobre aspectos gerais da minha vida, minha digestão ou dieta. Estava claro que tudo estava interconectado e que o tratamento convencional estava prejudicando minha microbiota e, a longo prazo, minha saúde.
Minha intuição estava certa, mas eu me sentia impotente e confusa sobre como proceder.
Emocionalmente, eu enfrentava um vazio existencial. Meu trabalho na publicidade, que durou muitos anos, não me preenchia, então comecei a criar espaços na minha rotina para explorar novas formas de entender a vida.
Foi assim que dei o primeiro passo em direção à minha cura: ao assumir a responsabilidade pela minha saúde.
Foi então que o Yoga e o Ayurveda entraram na minha vida, e hoje entendo por que o mundo me conduziu por tantos caminhos até eu chegar onde estou: eu precisava passar pelo meu próprio processo de cura.
Com essa nova abordagem, resgatei minha alegria de viver e reconstruí minha saúde mental, física e espiritual, graças aos pilares da medicina ayurvédica e à prática do Yoga.
UMA JORNADA DE CURA
Meu primeiro contato com o yoga ocorreu entre os 10 e 12 anos, quando passava as férias na cidade de Sete Lagoas, no interior de Minas Gerais, onde minha avó praticava yoga. Eu adorava participar dessas sessões, e essa experiência deixou uma marca duradoura em mim.
Nessa mesma época, tive um sonho extremamente vívido e detalhado, no qual explorava paisagens deslumbrantes e vibrantes. Ao acordar, o nome de uma ilha estava gravado em minha mente: Sri Lanka.Minha mãe me contou depois que essa ilha era real. Esse sonho e o nome de Sri Lanka me atraíam de uma maneira inexplicável.
Anos depois, meu desejo de explorar o Sri Lanka se concretizou, e foi lá que tive meu primeiro contato direto com a cultura védica e com o Ayurveda. Embora eu visse a palavra "Ayurveda" em vários lugares, ainda não entendia seu significado, o que apenas intensificou minha curiosidade.
Essa viagem foi um divisor de águas. Meu interesse pelo yoga, pela cultura e pela sabedoria hindu cresceu exponencialmente. A prática de yoga se tornou essencial em minha vida, levando-me a viajar várias vezes para a Índia para aprofundar meus conhecimentos e expandir minha prática.
SERVINDO AOS OUTROS
Antes de minha viagem ao Sri Lanka, um amigo muito querido me emprestou o "Ramayana", o épico que narra a história do deus Rama, uma figura central na cultura hindu. Fiquei particularmente fascinado por Hanuman, uma figura que me inspira e orienta até hoje.
Ao reler a história de Hanuman, percebo que tanto minha vida quanto a lenda dele têm o Sri Lanka como um ponto de virada. Vejo Hanuman como um exemplo de devoção e serviço aos outros.
Na lenda, Hanuman protegeu Sita quando o demônio Ravana a sequestrou e a levou do norte da Índia para o Sri Lanka. O deus Rama, marido de Sita, pediu a Hanuman que o ajudasse a encontrá-la. Juntos, viajaram até o sul da Índia. Quando chegaram ao oceano, Rama decidiu construir uma ponte até o Sri Lanka com a ajuda dos macacos. Enquanto isso, Hanuman se transformou em uma figura colossal e, em um único salto, alcançou o Sri Lanka. Sita, no entanto, não quis partir sem seu marido. Ravana, furioso, tentou queimar Hanuman, mas o deus macaco escapou, incendiando tudo ao seu redor. Com a ajuda de Rama, Hanuman completou a construção da ponte, chegou ao Sri Lanka, derrotou Ravana e resgatou Sita. Todos retornaram vitoriosos para a Índia.
Hanuman demonstrou sua lealdade rasgando seu peito e mostrando que, em seu coração, estavam as imagens de Sita e Rama. Desde então, ele é considerado um protetor e a personificação da humildade. Na Índia, Hanuman é visto como o ideal de alguém que dedica sua vida ao serviço dos outros.
Hanuman, o grande deus macaco, simboliza uma mente disciplinada e devotada. Ele representa a presença do Eu Divino, o Senhor da Vida dentro de nossos corações. Quando nos dedicamos a esse Eu Divino dentro de nós, abandonamos o apego às aparências externas e nos conectamos com nosso potencial ilimitado.
Assim, Hanuman nos dá o dom do autoempoderamento, permitindo-nos alcançar o que é mágico e transformador, e nos concede a coragem e a autoconfiança para enfrentar o impossível.
O PASSO DECISIVO
A jornada de Hanuman de Sri Lanka para a Índia, sua trajetória rumo à libertação e redenção no continente, bem como sua maneira altruísta de oferecer ajuda, são analogias que ressoam com muita humildade na minha própria jornada de autodescoberta. Ao longo do caminho, tive o privilégio de encontrar uma riqueza de sabedoria e aprendizado.
A figura de Hanuman me inspirou a me aprofundar nos oito passos do yoga e a estudar os textos védicos, buscando alcançar a paz interior e manifestar poderes benéficos através da disciplina. Como alguém que enfrentou desafios constantes com a disciplina e lidou com uma mente propensa a instabilidades, vejo Hanuman como um modelo inspirador de perseverança, coragem e dedicação.
Assim como os personagens dessa lenda, também percorri um longo caminho que me levou a um conhecimento mais profundo sobre mim mesma.
Todas essas experiências de vida finalmente me direcionaram para o estudo da medicina ayurvédica na Universidade de Barcelona em 2016. Durante aquele ano, vivi por três meses na Índia, e, nos anos seguintes, em 2018 e 2019, realizei um estágio no hospital de Haridwar e retornei à Índia em uma jornada enriquecedora.
Hoje, após anos de trabalho interior e muitas horas de estudo, estou pronta para servir e evoluir ao lado das pessoas que buscam minha ajuda. Reconheço que a jornada não chegou ao fim e continuo avançando com o estudo contínuo de Ayurveda e Yoga, enriquecendo ainda mais minha prática e conhecimento.